12ºD

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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Interação Social - Patrícia Cardoso nº26

Interação Social 

 As interações sociais são conjuntos de relações recíprocas entre, pelo menos, dois indivíduos e resultam de um jogo de expectativas mútuas em relação ao comportamento dos interlocutores.

 Situações formais e não formais 

• A forma mais simples de interação social é a que se desenvolve entre duas pessoas. Essa relação, resulta de uma situação em que os dois intervenientes estruturam o seu comportamento em função daquilo que esperam um do outro. Primeiro caso: Na relação de A e B, A age tendo em conta aquilo que julga que B espera dele e vice versa.

• O conhecimento que cada um tem ou não da presença do outro levará a dois tipos diferentes de interação: situação não formal de interação social, quando os indivíduos não se conhecem e interagem pela primeira vez; situação formal ou sistema de interações estruturadas quando existe um «estado de relação», isto é, quando existe uma relação formal de relacionamento.

• Há um segundo caso, em que há como que um jogo em que cada um estrutura a sua ação de acordo como um conjunto de «pressões» a que ambos obedecem. Há uma certa forma de constrangimento que obriga os indivíduos a transformarem-se em atores sociais representado papéis – papéis sociais esperados.

 • Mesmo no primeiro caso, a interacção está sujeita a procedimentos minimamente estabelecidos.

 • Toda a relação entre dois seres sociais é, pois, semelhante a um jogo de expectativas mútuas.

 A vida em grupo tem-se manifestado, pois, na elaboração de regras e de normas exteriores ao indivíduo, isto é, independentes da sua vontade, mas que se lhe impõem, dando-lhe a conhecer a maneira como deverá comportar-se de forma a ser reconhecido como membro do grupo. Este «consenso normativo», que todos tendem a seguir, parte da aceitação prévia de valores comuns às coletividades.

São estudadas então as interacções resultantes das relações intersubjetivas ou recíprocas. Estas relações são as que se estabelecem entre os indivíduos, apresentam um carácter duradouro e resultam da prática ou desempenho de determinadas funções sociais. Ex: A relação de pai/filho é um exemplo de relação intersubjetiva e traduz-se em comportamentos próprios das funções que cada elemento desempenha na colectividade considerada.

 Deste modo, as relações intersubjetivas são sempre comportamentos conhecidos por quem os desempenha e esperados por aqueles para quem os comportamentos se dirigem. O papel desempenhado pelo pai traduz-se na execução de determinados comportamentos que o pai conhece e o filho espera.

 A importância do estudo das interações sociais

As rotinas do dia-a-dia, com as suas quase constantes interações com outras pessoas, dão forma e estruturam o que fazemos. Através do seu estudo, pode-se aprender bastante sobre nós mesmos enquanto seres sociais e acerca da própria vida social. As vidas das pessoas estão organizadas de acordo com a repetição de padrões semelhantes de comportamento dia após dia, semana após semana, mês após mês e ano após ano.

 As rotinas que que as pessoas seguem diariamente não são idênticas e os padrões de actividade ao fim de semana são diferentes dos dias úteis.

 Se ocorrer uma grande mudança na sua vida, como terminar a faculdade e começar a trabalhar, normalmente têm de ser efectuadas grandes alterações nas rotinas do dia-a-dia; mas será novamente estabelecido, então, um conjunto de novos hábitos, relativamente estáveis e regulares.

 Estudar a interacção social na vida quotidiana ilumina a interpretação dos sistemas e instituições sociais mais amplos. Todos os sistemas sociais de grande dimensão dependem dos padrões de interacção social em que as pessoas se envolvem no decorrer das suas vidas quotidianas.

 A relatividade da ação social 

O quotidiano de uma sociedade contém múltiplas formas de interacções sociais cujo estudo nos poderá revelar muito dessa sociedade e da sua cultura.

Estudar as interações sociais implica considerá-las no tempo e no espaço em que ocorrem. As interações sociais, objeto da Sociologia, são relativas, devendo ser contextualizadas para que os conhecimentos obtidos façam sentido. Estudar o namoro ou o casamento próprios de uma sociedade ocidental do nosso tempo é diferente dos mesmos factos em épocas anteriores ou numa sociedade islâmica.

O mesmo sucede com qualquer fenómeno social. Para a compreensão da acção social, tem-se de primeiro, conhecer a realidade cultural em que esta se desenvolve.

 Relativismo cultural 

O conceito de relativismo cultural, não significa que todos os costumes são igualmente valiosos nem tão pouco implica que não haja costumes nocivos. Alguns padrões de comportamento podem ser prejudiciais em qualquer meio, mas até mesmo eles podem servir a algum propósito na cultura, e a sociedade sofrerá se lhe proporcionarem.

 Grupos Sociais 

 Noção de grupo social 

 É um conjunto de interacções formais, estruturadas e contínuas entre agentes sociais, que desempenham papéis recíprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores, para a consecução de objectivos comuns.

 Um grupo como coletividade estruturada 

 Um partido político é certamente um grupo, pois nele pode ser identificado um objectivo e uma estrutura. Este grupo constituiu-se com um objectivo – liderar a movimentação política de um conjunto de pessoas que aceita, simpatiza ou perfilha certos princípios filosóficos, sociais e políticos.

Identificada a finalidade do agrupamento, constata-se que, para a consecução dos seus objectivos, é necessário que os seus membros se organizem, definam projectos, preparem estratégias, atuem racionalmente. Para tal, será conveniente que a organização dos esforços humanos seja funcional, ou seja, a cada membro do grupo/partido deverá ser atribuída uma determinada tarefa específica. É da conjugação dos esforços individuais que a atuação conjunta resultará.

 Desta necessidade de organização sobressairá uma ordenação do conjunto dos elementos que constituem o grupo. Cada um tem o seu lugar e relaciona-se com os demais elementos através de laços bem definidos. Encontrou-se a estrutura do grupo.

 Mas um grupo também tem uma linguagem ou um código para as suas comunicações. É simples identificar e distinguir a linguagem de um partido, vulgarmente designado «de esquerda», da de um partido «de direita». O público para o qual se dirigem as suas mensagens e os elementos que integram o grupo têm características culturais semelhantes, baseadas no respeito e partilha de determinados valores comuns. Esta identidade cultural manifesta-se, pois, na adoção de atitudes e comportamentos semelhantes e numa linguagem comum.

 Elementos concretizadores de grupos 

Pode definir-se o grupo, como um conjunto de seres humanos com relações recíprocas. Todos os grupos, seja qual for a sua dimensão, compõem-se de indivíduos que têm em comum os seguintes elementos: relações, comunicações, interacções, uma organização, interesses, uma finalidade, valores e normas e uma linguagem.

Além disso, o grupo supõe uma certa duração, mensurável num período de tempo.

 Tipos de grupos 

 Os grupos podem distinguir-se e classificar-se em função de diversos critérios, seja o da função social que cumprem, o da proximidade entre os seus membros, o da apresentação de modelos de comportamento de referência.

Os grupos e a sua função social 

 Se se considerar os grupos quanto à sua função social, vai-se encontrar, por exemplo, o grupo familiar com o seu trabalho de socialização; o grupo político, que tem como objetivo a condução de indivíduos para a edificação de determinado modelo de sociedade.

Os grupos e o relacionamento entre os seus membros 

Uma outra classificação importante é a que divide os grupos em primários e secundários.

O primário, é o grupo primeiro, aquele que está mais próximo das pessoas em termos cronológicos e afectivos. Dito isto, o tipo de relacionamento entre os seus elementos é informal, íntimo e total. Ex: Família.

O secundário tem uma função utilitarista. Deste objetivo resulta tipo de relacionamento frio, formal, impessoal e segmentário. Ex: Contactos entre operários numa cadeia de montagem de série. 

Conclui-se então que, se no grupo primário prevalece o afeto como objetivo, no grupo secundário fica a eficácia ou o sucesso como finalidade a atingir. Por isso, os grupos primários e secundários referem-se a um tipo de relacionamento e não à importância social do grupo. É tão importante em termos sociais, a família como a empresa.

Na comunidade contemporânea predominam os grupos secundários (a fria sociedade anónima, os fortes monopólios, as grandes uniões sindicais e as organizações militares intergovernamentais. É apelidado de império da eficácia.

Como consequência da secundarização da sociedade atual, assiste-se ao desenvolvimento de inúmeros grupos primários exactamente como forma de compreensão emocional, dada a inexistência de vínculos tradicionais e afectivos entre os indivíduos, no seu relacionamento dentro dos grupos secundários, o que provoca o desenraizamento, a anomia ou, simplesmente, o desequilíbrio emocional dos indivíduos.

O grupo de pertença e o grupo de referência 

O grupo de pertença é aquele em que o indivíduo se insere ou pertence.

O grupo de referência é o grupo a que o indivíduo não pertence mas aspira pertencer.

Os grupos de referência são importantes porque os seus valores se constituem como modelo de avaliação dos indivíduos. Ex: As pessoas avaliam o comportamento umas das outras, a aparência física e os valores, pela sua adequação aos apresentados no grupo de referência, o grupo-padrão. Quanto mais as pessoas estiverem próximas desses padrões, mas próximos ficam do grupo a que gostariam de pertencer, o grupo de referência.

A identificação do indivíduo com o seu grupo pode originar fenómenos de rejeição dos indivíduos pertencentes a grupos diferentes. Quando a rejeição tem por base a distinção de raças, vai-se estar perante o fenómeno social do racismo, de que a xenofobia é variante.

Mas, os indivíduos podem também aprender a cultura dos grupos aos quais não se encontram diretamente ligados. Esta aquisição de cultura de outro grupo seria uma forma de um indivíduo, ou um conjunto de indivíduo, sair do seu grupo e, ao mesmo tempo, tentar inserir-se no outro. O objetivo deste processo de socialização por antecipação será pois, o de vir a ser reconhecido como membro do outro grupo.

A influência dos grupos de referência nos comportamentos dos indivíduos pode verificar-se ao nível da formação de opiniões, na determinação de atitudes, na aquisição de representações, ou seja, os grupos de referência constituem verdadeiros modelos culturais a interiorizar neste tipo de socialização.

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