A Sociologia em Portugal
A ditadura desconfiava dos sociólogos e das ciências sociais
e por isso procurou sempre desvalorizar qualquer teorização do social e desta
forma impedir o seu desenvolvimento institucional: não permitiu que a
sociologia entrasse nas universidades, não permitiu organizações de índole
social, nem a publicação ou difusão de obras relacionadas com o pensamento
sociológico. Isto levou a que durante décadas, quem se aventurou por este
caminho tivesse que o fazer de uma forma clandestina.
As ciências sociais surgem em Portugal com a revolução de 25
de Abril de 1974, surgem novas disciplinas, como a Sociologia, Antropologia
Social, Ciências da Educação, etc., sendo criadas diversas licenciaturas e
pós-graduações espalhados por todo o território nacional. Aparecem centros de
pesquisa, normalmente ligados às universidades, constituem-se associações
científicas, aparecem publicações de novas revistas especializadas sobre o
assunto, organizam-se encontros e congressos, ou seja, consolidam-se as novas
ciências sociais, onde a Sociologia representa um papel fundamental na
divulgação de novas ideias e no desenvolvimento da sociedade portuguesa.
Importa salientar que o processo de institucionalização da
sociologia em Portugal, vai coincidir com um período, em que a própria
sociologia, enquanto disciplina institucionalizada, atravessava uma fase de
reorientação e recuperação de um período muito crítico, em que toda a produção
científica-social, tinha sido posta em causa em toda a Europa. A crise de que
se está a falar tinha a ver, sobretudo, com o processo de desenvolvimento da
própria sociologia. É neste contexto de crítica tenaz e de forte pluralismo
que, em Portugal a sociologia se institucionaliza, ou seja, o nascimento da
sociologia em Portugal coincide com o renascimento da própria sociologia, em
países onde já mais precocemente se tinha institucionalizado.
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