“Sempre pensei que o medo pertencia a outras pessoas, às
pessoas mais fracas. Nunca me tinha tocado, e depois tocou. E quando te toca tu
sabes, que esteve ali o tempo todo, à espera, debaixo da superfície de tudo o
que amas.”
Erica Bain trabalhava num canal de rádio. Tinha uma vida
normal, tinha emprego, estava noiva e estava feliz com a pessoa que tinha ao
lado.
Num passeio com o marido e o cão, este fugiu para um túnel
mais à frente. Ao irem buscá-lo, depararam-se com um grupo de assaltantes que
os espanca e os manda para o hospital num estado deplorável.
Erica, ao acordar, depara-se com a notícia de que o seu
marido não tinha sobrevivido ao ataque e que já tinha sido enterrado na sua
ausência.
O psicológico do ser humano é forte? Sim e não. Por muito
forte que o nosso psicológico seja, vai haver alguma coisa que o parta e o
torne frágil, como no caso de Erica.
Erica encontrava-se com um medo constante de sair e de estar
na rua. Decidiu comprar uma arma, ilegalmente, pois não tinha licença. O
indivíduo que lhe vendeu a arma ensinou-a como a usar e ofereceu-lhe ainda,
balas de graça.
Quando sofremos situações de vida ou de morte, e conseguimos
sobreviver, algo dentro de nós desperta. Algo que estava enterrado dentro de
nós, uma outra personalidade, com um comportamento e uma mentalidade diferente.
Um estranho.
Foi isso que despertou em Bain.
Erica levava a arma consigo para todo o lado. Mas a
violência tinha uma tendência para a seguir. E mais à frente, era ela que
seguia a violência.
Foi a uma loja de conveniência, e deparou-se com um homem a
entrar em grande força, e a disparar contra a senhora que estava na caixa,
matando-a.
Fez todos os possíveis para se manter escondida, mas o mais
simples barulho atraiu a atenção do atacante, o que o levou a querer disparar
sobre Erica. Num impulso defensivo, Erica acaba por disparar várias vezes,
acabando com a vida do mesmo.
O segundo momento foi no metro. Um rapaz foi roubado por
dois indivíduos, e logo a seguir estes intimidaram um homem e uma criança, até
que os 3 saíssem da carruagem. Erica foi a única pessoa que se deixou ficar,
juntamente com os assaltantes. Estes foram até ela, e tentaram intimidá-la. No
momento em que apontaram uma navalha ao seu pescoço, Erica dispara sobre os
dois e abandona a carruagem.
Depois de estes incidentes todos, era
Erica quem ia à procura dos criminosos, e era ela quem os matava fazendo assim,
segundo ela, justiça.
Esta tornou-se também um tanto próxima, do agente que estava
a investigar aqueles homicídios todos. O que vai influenciar o final do filme.
Erica salvou uma rapariga do mundo da prostituição, acabando
por matar o homem que a mantinha presa dentro do carro, após este ter tentado
atropela-las. Depois disso, foi pedir informações de onde se encontrava os
homens que a atacaram a ela e ao seu falecido marido.
Ao início a rapariga não se inclinou a dizer onde estes se
encontravam, porque tinha medo que a matassem. Mas momentos mais tarde, mandou
uma mensagem a Bain a dizer a morada destes.
Erica conseguiu a sua vingança, matando-os. Com a ajuda do
agente de quem era amiga. Este pediu que ela o alvejasse para ter uma desculpa
para a ter deixado fugir. Erica fez o que lhe foi pedido, e abandonou o local.
Erica passou de se defender dos que lhe tentavam fazer mal,
para ir atrás dos que faziam mal.
Como se fosse um tipo de Justiceira. Teve momentos de fraqueza,
e chegou a querer entregar-se à polícia. Mas relembrou-se de que tinha ainda de
tratar de outras contas.
Este filme tem uma das melhores exibições do medo e da
fragilidade humana. Mostra o quão rápido podemos cair no poço do medo, e deixar
que ele nos consuma. O quão fácil é o nosso monstro interior despertar e fazer
com que façamos coisas que nunca nos imaginámos a fazer, como matar uma pessoa.
Todos nós temos um estranho dentro de nós, cabe a nós decidir se o queremos
deixar sair ou não.
“Todos os monstros são humanos.”
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